Churrasco ao redor da pista é prática comum em Santa Cruz do Sul
As arquibancadas e camarotes do Autódromo Internacional de Santa Cruz
do Sul, interior do Rio Grande do Sul, contaram com presença maciça do
público para a disputa da 7ª e 8ª etapas da Itaipava GT Brasil, no
último final de semana. Mas se engana quem pensa que toda a torcida
estava nos locais tradicionalmente reservados aos espectadores de um
evento de automobilismo: ao redor de toda a extensão do circuito,
enfrentando o frio em barracas, tendas ou caminhões, dezenas de pessoas
se dividiam entre acompanhar as emoções na pista e preparar um churrasco
gaúcho.
O hábito do "churrasco com corrida" é comum em Santa Cruz do Sul. Grupos
de amigos e familiares vão ao autódromo sem a intenção de ficarem
sentados na arquibancada; em meio às preparações para o churrasco e os
goles de chimarrão, a atividade também contribui para espantar o frio.
No domingo, com o vento cortante que "castigou" o autódromo, a sensação
térmica chegou a 5°C.
"A gente sempre traz o caminhão e faz o churrasco. É um costume muito
forte por aqui", disse o morador local Leandro, que foi ao autódromo com
mais cinco familiares e admitiu que, a partir de certo ponto do dia, a
corrida fica mesmo em segundo plano. "Às vezes é mais para juntar toda a
família, fazer uma festa...", riu.
Os primeiros comes e bebes começam a aparecer cedo, pelas 9h. Para fazer
a festa acontecer, qualquer coisa pode se transformar em churrasqueira:
de um amontoado de tijolos a um latão de alumínio, o importante é que o
fogo aqueça a torcida e deixe no ponto as carnes, que só ficam prontas,
em sua maioria, por volta das 13h.
A temperatura não tira a risada do simpático público local, que faz
piada com todas as situações durante a corrida. Em uma das
churrasqueiras improvisadas, era possível ler a tradicional frase
"Precisa-se de faxineira...", com uma recomendação extra: "...nova".
À medida que a tarde vai passando, a atenção dos espectadores vai se
dividindo entre os carros acelerando no asfalto e a festa do lado de
fora do alambrado - alguns seguem vibrando a cada ultrapassagem ou
derrapada, enquanto outros "se esquecem" completamente das pistas e se
concentram apenas na diversão com os amigos. E assim, com bom humor, a
torcida em Santa Cruz transforma um evento de automobilismo em ritual de
confraternização e pequeno exemplar da cultura do Sul do Brasil.
Fonte Texto: Terra
Fonte Imagem: Ivan Pacheco/Terra
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